O mundo inteiro está falando em inovação, novas tecnologias, Inteligência Artificial, revolução industrial 4.0, impressão 3D, dentre tantos outros assuntos latentes na sociedade moderna, inclusive no Brasil. A despeito disso, no entanto, a construção civil brasileira parece não acompanhar essa evolução na mesma velocidade. O país dispõe de tudo que precisa para sair da construção artesanal, mas o processo de industrialização precisa ser mais acelerado.
Sou um grande defensor da migração do sistema convencional para o pré-fabricado. São Paulo tem feito prédios todos industrializados, em seis, sete, oito meses apenas. Na Bahia, vemos segundas residências de alto padrão sendo construídas de modo off site. Temos banheiros sendo comercializados já prontos e tantas outras inovações, como a ferramenta BIM. Tudo isso facilita a industrialização e nos leva a crer que ela já é real. No entanto, o construtor precisa ter maior controle dos seus números para acreditar nas novas tecnologias.
No que tange à industrialização, os sistemas construtivos pré-fabricados têm grande destaque, pois conferem benefícios aos construtores. Quando o empresário entende quanto custa para ele, de fato, uma construção convencional, consegue fazer um comparativo real com os sistemas industrializados e enxerga, de forma muito clara, como ele ganha vantagens. Essa falta de controle dos custos efetivos de uma obra é que não permite que o construtor conclua quanto ele economizaria se deixasse de desperdiçar.
Se analisarmos, por exemplo, a construção de um edifício-garagem pré-fabricado em números, verificamos que é muito mais caro construí-lo no sistema artesanal, de tijolo cerâmico. Se esse tipo de obra for executado em estrutura de concreto ou aço, ele chega a ser de 25 a 35% mais barato que o convencional, quando analisamos dados mais amplos, como ganho de tempo e diminuição de riscos. Por isso, tenho insistido que é necessário que o construtor, o engenheiro e o incorporador mudem seu pensamento.
Hoje, industrializamos não só a parte estrutural, inclusive, mas a argamassa, a fachada e outras etapas construtivas. Isso permite que um edifício que seria construído em três anos seja executado em apenas oito meses. E com tudo melhor: desempenho, conforto acústico e térmico... Frisando-se ainda que, em uma obra industrial, por exemplo, as tecnologias pré-fabricadas agregam muito porque estabelecem os padrões de desempenho e eficiência exigidos pela Norma de Desempenho 15575, o que não se consegue tão facilmente nos processos construtivos tradicionais.
Diante de tudo isso, acredito que o mercado tem despertado. Esse processo de industrialização será constante e a construção off site já é uma realidade no país. Temos os pré-fabricados de concreto, os sistemas modulares também, estruturas portantes e as cobertas, tudo podendo ser produzido em parque fabril e apenas montado no local. O BIM também tem auxiliado este processo. Há cerca de 15 anos temos discutido esses assuntos no CBIC e é uma necessidade real sairmos da construção 2.0 para a 4.0. Nesse processo, convido todos os construtores e incorporadores a aferirem mais seus custos de construção e a investirem nas tecnologias de industrialização mais adequadas para cada projeto.